Maria Zalina Rolim Xavier de Toledo (Botucatu SP, 1869 - São Paulo SP, 1961). Publicou seu primeiro livro de poesia, O Coração, em 1893. Na época, já trabalhara como colaboradora nos jornais A Província de São Paulo (O Estado de S. Paulo), Correio Paulistano e O Itapetininga. Entre 1896 e 1897 foi vice-inspetora do Jardim da Infância anexo à Escola Normal, atual Caetano de Campos, em São Paulo. Traduziu obras em inglês e italiano utilizadas na organização do Jardim da Infância e colaborou na Revista do Jardim da Infância com traduções, adaptações e produções originais de pedagogia, ficção e poesia. Em 1897 ocorreu a publicação de seu Livro das Crianças, em edição promovida pelo governo do Estado de São Paulo para distribuição nas escolas públicas. Nos anos seguintes foi colaboradora n? A Mensageira: Revista Literária Dedicada à Mulher Brasileira, dirigida por Presciliana Duarte de Almeida, e na revista Educação. Zalina Rolim foi uma das precursoras da poesia infantil no país. Ao lado de Presciliana Duarte de Almeida, Francisca Júlia e Olavo Bilac, contribuiu para a criação de uma produção poética
brasileira para crianças.
Obras:
1893 - O coração
1897 - Livro das Crianças
1903 - Livro da saudade (organizado nesta data para publicação póstuma)
NASCIMENTO/MORTE
1869 - Botucatu SP - 20 de julho
1961 - São Paulo SP - 24 de junho
EM CAMINHO
SOU filha de lavradores;
Moro longe da cidade;
Amo os pássaros e as flores
E tenho oito anos de idade.
Quereis seguir-me à campina?
A tarde convida e chama,
O calor do sol declina,
E o horizonte é um panorama.
Neste samburá de vime
Levo coisa apetitosa;
mas, ai! que ninguém se anime
A meter-lhe a mão curiosa.
É o jantar do papaizinho;
Manjares de fino gosto;
Carne, legumes, toucinho,
Tudo fresco e bem disposto.
Papai trabalha na roça;
O dia inteiro labuta;
Tem a pele rija e grossa
E a alma afeita à luta.
Mas leal, franco, modesto
Como ele, não há no mundo:
Vive de trabalho honesto,
Cavando o solo fecundo.
Acorda ao nascer da aurora,
Abre a janela de manso,
E o campo e os ares explora
Da vista aguda num lanço.
Depois, nos ombros a enxada,
Abraça a Mamãe, sorrindo,
Beija-me a face rosada
E vai-se ao labor infindo.
Em casa também se lida
Daqui, dali, todo o instante,
Que o trabalho é lei da vida
E nada tem de humilhante.
Depois do trabalho, estudo;
Abro os meus livros e leio;
Eles me falam de tudo
O que eu desejo e receio.
Contam-me histórias bonitas,
Falam da terra e dos ares,
De vastidões infinitas,
De rios, campos e mares.
Mamãe diz que são modelos
De amigos leais e finos;
Que a gente deve atendê-los
Como aos maternais ensinos.
E agora, adeus, até breve.
Eis-me de novo a caminho:
Não esfrie o vento leve
O jantar do papaizinho
Fonte http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/LiteraturaInfantil/zalina.htm
Sou hoje uma veterana jornalista e escritora. No início de minha carreira, em 1949 ou 1950, trabalhando em "A Gazeta" de São Paulo, mandaram-me entrevistar Zalina Rolim, então com uns 80 anos. Mostrou-se muito tímida, não queria me dar a entrevista, não devia aparecer, dizia. Mas consegui que ela falasse, cheguei à redação e transcrevi a entrevista. Mas logo mais me chamaram ao telefone: era ela, pedindo pelo amor de Deus que não publicasse nada sobre ela....Ela me havia dito que depois de casada o marido não queria que ela escrevesse mais, que continuasse a trabalhar. E assim, mesmo viúva, parecia satisfazer ao desejo do marido.
ResponderExcluirOutro grande amigo meu desde a mocidade foi Hernâni Donato, que infelizmente nos deixou no ano passado....
Se quiserem entrar em contato comigo (tenho disponível uma entrevista com Hernâni), meu e-mail é amaralprada@uol.com.br e telefone (19) 2121-1955
saudações.Cecilia Prada